sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Palestra/Debate com Ariane Mnouchkine - Teatro Dulcina

Ariane Mnouchkine

 Pedro Guimarães (Intérprete) e Ariane Mnouchkine

 A plateia do Teatro Dulcina

Fotos: Divulgação/ Funarte

Esta mulher é um verdadeiro fenômeno - Por Deolinda Vilhena

Para quem quiser saber um pouco mais sobre essa diretora-fenômeno sugiro uma visita ao site da FUNARTE que publicou alguns tópicos abordados por ela em palestra-debate realizada no Teatro Dulcina no dia 11 de novembro, eis o link: http://www.funarte.gov.br/wp-content/uploads/2011/11/Palestra-debate_Théâtre-du-Soleil_Ariane-Mnuchkine_Rio_2011.pdf Aqui reproduzo alguns que consideram indispensáveis para que se compreenda um pouco melhor a aventura Théâtre du Soleil conduzida desde maio de 1964 por Ariane Mnouchkine:
A "louca esperança" do teatro e da arte - "O teatro é um momento de utopia, derivado da capacidade de doação do elenco e do público. A arte provém da expectativa de transformar. Quando não existe a esperança verdadeira de transformar uma pessoa que seja, na plateia, não há teatro propriamente dito, mas, apenas uma representação vazia de sentido. É necessário que haja esta expectativa".

O papel do diretor - "O trabalho é, de fato, coletivo. Mas é visível e necessário também o papel do diretor. (...) o trabalho coletivo não inviabiliza a presença da direção. A confusão entre coletivo e anárquico me parece politicamente perigosa. Afinal, caso não houvesse coordenação, não haveria nem democracia representativa. É bem verdade que não há, ainda, democracia participativa, porque os líderes são eleitos mas, muitas vezes, não consultam o povo, a não ser em época próxima de eleições. Mas a democracia participativa é algo desejável".

Princípio básico - "Teatro não é ciência exata. Se, muitas vezes não sabemos exatamente onde vamos chegar. O princípio é: 'sabemos o que não queremos'."

Dificuldade de disciplina dos atores no Brasil, relacionada à falta de patrocínio - "Sim, na França há um sistema de incentivo privilegiado. Ela é uma exceção cultural. Lá há dinheiro público para a cultura, para teatros públicos e para grupos artísticos. Não posso ir muito longe no assunto, porque não conheço muito sobre patrocínios no Brasil. (...) Todavia, cabe a questão: é preciso ter patrocínio para ter disciplina? Esta provém de ouvirmos e respeitarmos uns aos outros. Para isso vocês precisam de patrocínio? Costumo dizer que o ator deve sair da sedução do falar e ouvir muito. No caso de vocês, acho que devem evitar confiar no 'charme latino-americano' e se pôr a trabalhar firmemente em teatro, sem se esconder em 'borboleteios'. Para isto, não precisam de patrocínio. Sejam seus próprios patrocinadores! Mas lutem, também, procurando os órgãos públicos, para viabilizar patrocínios."

"Primavera árabe" e suas possíveis consequências positivas para a área cultural - "É preciso dar tempo ao tempo, e verificar como estes movimentos vão-se desenvolver: se vão caminhar rumo à democracia e à laicidade, ou se para a volta do radicalismo religioso. Eis o cerne da questão. Para as mulheres, principalmente, isso é muito importante. Tenho muita esperança quanto a esse processo, mas não o vejo como algo angelical. Em pelo menos dois países, a primeira coisa que fizeram foi implantar a lei religiosa. Logo, vamos observar bem".

Crise que a Europa atravessa - "Ela vive um tempo de muito desencanto e pessimismo - não como aqui. Diante disso, acho que meu papel não é o de criar coisas ainda mais sombrias. Ao contrário, é o de ser um pequeno farol, procurar onde brilha alguma pequena luz e trazer, junto comigo e a companhia, as centenas de pessoas, que estiverem na plateia, para esta luta e para a resistência ao absurdo. Esta seria a 'louca esperança'..."

Trecho retirado da Coluna de Deolinda Vilhena no Terra Magazine. Para ver a íntegra, acesse:
http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI5488395-EI11348,00-mostrar+que+o+teatro+e+possivel.html

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